Em um período de pandemia do COVID-19 (do inglês Coronavirus Disease 2019), isolamento social, home office e emoções – ainda mais – intensas, eu fico com os apontamentos da arte e da filosofia. Na verdade, são não-respostas. São palavras que não respondem mas nos fazem sentir e pensar para além do que estamos vivendo.
Hoje eu não vou falar muito, vou deixar que falem aqui por meio dos links e das conexões. Abaixo, uma lista de 3 textos para ler em tempos de pandemia, todos com versões em português e com acessos gratuitos. Textos que agregam entendimentos e caminhos para onde o coronavírus e a coronavida pode nos levar.
- “A Conspiração dos Perdedores” de Paul B. Preciado: em um texto sensível, Paul – filósofo e ativista trans que teve o coronavírus antes do avanço maior da doença – mostra o que sentiu na pele, no sangue, no pulmão e também nas emoções. O texto nos desperta para como será a vida após a atual pandemia e sob que condições e de que forma valeria a pena viver essa vida. Leia o texto de Paul B. Preciado: em francês (original), em inglês ou em português.
“Quando fui para a minha cama, o mundo estava próximo, coletivo, viscoso e sujo. Quando saí da cama, tinha-se tornado distante, individual, seco e higiênico. […]
Entre a febre e a ansiedade, pensei comigo que os parâmetros do comportamento social organizado tinham mudado para sempre e não podiam mais ser alterados.”
- “Coronavida” de Giselle Beiguelman: o que vai sobrar do mundo que conhecemos após o coronavírus? A artista e pesquisadora começa a traçar o que pode ser uma vida antes e depois da pandemia do COVID-19. Apontando comportamentos que parte privilegiada da população – aquela que pode ficar em casa – tem tido, Giselle nos agrega reflexões sobre os caminhos que a coronavida tem tomado. Leia o texto da Giselle Beiguelman sobre o coronavírus no portal da Select (em português).
“O espaço público, tão vilipendiado pelos sistemas de vigilância, é sua primeira vítima fatal. Da categoria de lugar ‘perigoso’, das multidões amotinadas e do encontro com o inesperado, passa à de contagioso. A globalização, e todo o espectro de mobilidade que implicava, aparece como algoz de uma humanidade fragilizada pelos fluxos do capital. É preciso parar, ficar em casa, fechar fronteiras e abrir muitas torneiras…”
- “Mumbo Jumbo: A Anti-Praga Preta” de Kênia Freitas: a crítica de cinema e pesquisadora pioneira do afrofuturismo no Brasil, nos presenteia com uma tradução do primeiro capítulo de Mumbo Jumbo (Ishmael Reed, 1972), um livro pós-moderno, afrofuturista e afrossurrealista sobre uma Anti-Praga da Pretitude, o Jes Grew. A forma como a obra nos remete aos dias atuais é surpreendente. Uma leitura de tirar o fôlego que nos leva a um imaginário onde uma praga não nos leva à morte, mas à vida. Texto completo da Kênia Freitas disponível no Medium.
“Não há casos isolados nessa coisa. Ela não conhece nenhuma classe nenhuma raça nenhuma consciência. É auto-propagável e você nunca pode dizer quando ela atingirá.”
Estas são as minha atuais indicações. E você, o que leu sobre este período de confinamento que te fez pensar, que te agregou algo? Deixe suas indicações nos comentários.